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VOCÊ SABIA...?

Qual a real velocidade do Bolt?

  • Rafael Amaral Cataldo
  • 17 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

Imagine você a velocidade do som... Não conseguiu? Bem, como a velocidade do som varia com a temperatura, vamos considerar a velocidade do som em uma temperatura de 25°C, certo? São 1.246 km/h contra 1.228 km/h do Thrust SSC, o carro a registrar a maior velocidade em todos os tempos.


E você? Qual a sua velocidade quando você está no sofá comendo como o Homer Simpson e assistindo o Usain Bolt bater outro recorde mundial? Não sabe ao certo, então vamos lá!


Figura 1: Usain Bolt vencendo só para variar. Crédito da foto: AP no site http://www.dailymail.co.uk/sport/othersports/article-3199482/Usain-Bolt-win-Beijing-World-Championships-Justin-Gatlin-victory-tarnish-spectacle-athletics.html


Isto depende de alguns fatores. Vamos considerar a nossa primeira variável, ou seja, a rotação da Terra. Como aprendemos na escola, a Terra possui dois movimentos principais: rotação e translação (existem outros tantos, mas fique sossegado que eles não interferem significativamente na sua vida).


Se considerarmos um ponto localizado na linha do Equador, a Terra move-se em torno de seu eixo a incríveis 1.670 km/h. Mas como assim um ponto na linha do Equador? Bem, a Terra possui cerca de 40.070 km e como a duração do dia tem 24 horas... conseguimos determinar sua velocidade neste ponto. Ou seja, Velocidade = Distância/Tempo = 1.669,58333 ou simplificando: 1.670 km/h.


Mas e se você estiver localizado na cidade de São Paulo? Bem, a primeira coisa a fazer é determinar em que latitude se encontra a cidade. Neste caso são 23°32´51´´ (lê-se 23 graus, 32 minutos e 51 segundos). Para o nosso propósito 23,5 graus é o suficiente. Eis a fórmula mágica que informará qual a sua velocidade quando você estiver torcendo pelo

São Paulo no Morumbi ou fazendo compras na 25 de Março: cos 23,5° x 1.670 = 1.531 km/h! Resumindo, a velocidade diminui conforme nos afastamos da linha do Equador. Quer um exemplo? No Equador o ângulo é zero, então: cos 0° = 1 e 1 x 1.670 = 1.670 km/h. Em São Paulo, como vimos a latitude é de 23,5°, então: cos 23,5° = 0.917 x 1.670 = 1.531 km/h.


Agora te pergunto: e se você estivesse em uma expedição e conseguisse chegar exatamente ao Polo Norte ou ao Polo Sul? A que velocidade você estaria? Vou deixar essa pergunta sem resposta no momento. Quem souber escreva na nossa página do Facebook. Caso ninguém responda, em algumas semanas coloco a resposta por lá (me cobrem).


Mas voltando um pouco ao texto. Lembra que escrevi que a rotação era uma das variáveis a se levar em consideração? Bem, e se levarmos em conta a translação em torno do Sol, qual seria a nossa velocidade?

Resumindo bem, mas bem mesmo, o nosso amigo Nicolau Copérnico lá no século XVI provou que a Terra gira em torno do Sol (outros como Galileu citaram isso no passado).


Daí veio o nosso outro amigo, Johannes Kepler, e descobriu que o movimento era elíptico e não circular. Ou seja, a Terra ora encontra-se mais próxima ao Sol, ora mais distante. Mas como estamos resumindo tudo, continuemos assim. O raio orbital médio da Terra em relação ao Sol é de 150.000.000 km. Assim, para determinarmos a distância total percorrida é só descobrirmos o comprimento da circunferência orbital (quê?). Veja a figura abaixo e entenderá melhor.

Figura 2: Movimento de translação da Terra. Crédito da foto: modificado de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f0/Seasons1.svg/2000px-Seasons1.svg.png


Para fazermos isto, em nosso caso, basta multiplicarmos os 150.000.000 km por 2pi e voilá, temos nossa distância de 942.477.796 km! Como demoram 365 dias (ou 8.760 horas) para darmos uma volta em torno do Sol, temos: Velocidade = Distância/Tempo = 942.477.796 / 8.760 = 107.588 km/h.


Então quer dizer que se consideramos somente o movimento de translação estaríamos 64 vezes mais rápidos do que a "nossa" velocidade de rotação e 86 vezes mais rápidos do que a velocidade do som? Sim, mas lembre que isso na linha do Equador e a 25 graus Celsius.


Mas o leitor mais atento pode estar se perguntando: “Mas estes dois movimentos ocorrem simultaneamente, não?”. A resposta é... SIM! Além disso, estamos considerando somente o Sol como referência, mas e o resto do Universo? Afinal, o nosso Sol gira em torno da Via Láctea e, isso leva cerca de 225 milhões de anos para acontecer. Então, a última volta completa aconteceu na época em que os nossos “pets” dinossauros começaram a habitar a Terra (Figura 3).


Figura 3: Escala do Tempo Geológico. Crédito da foto: https://cienciasbemexplicadas.files.wordpress.com/2013/02/sem-tc3adtulo-21.png


Lembre-se, não olhe somente para o seu umbigo. O que quero dizer é que a nossa Via Láctea não é o centro do Universo, assim, então ela gira em torno de algo, não?


Em resumo, a velocidade em que nos encontramos depende da escala de análise e, portanto, das referências que adotamos para realizar tais medições. Ou seja, usando uma palavra que se tornou famosa por um certo cientista austríaco... tudo é “relativo”.

Mal sabe Bolt a real velocidade que ele atingiu.


Nos vemos na próxima matéria do Planeta Tellus. Se você gostou compartilhe para que outras pessoas também possam aprender.

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© 2016 por Rafael Amaral Cataldo

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