Fóssil vivo. Opa, peraí... vivo???
- Flávia Callefo
- 17 de jan. de 2017
- 2 min de leitura
Certamente você já ouviu a expressão “fóssil vivo”, mesmo ela sendo aplicada àquela pessoa velhinha, geralmente aquele professor de quase um século de vida que os alunos adoram apelidar (mancada, hein...). Pois deixando a brincadeira de lado, existem hoje diversos exemplos na natureza de animais e plantas que são chamados de fósseis vivos, apesar de ser uma expressão literalmente equivocada. Esta expressão foi inventada por ninguém menos que ele, que quase chegou à idade de ser alvo da própria expressão: Charles Darwin!

Um fóssil é encontrado no registro geológico, podendo ser um organismo outrora vivo, sendo o corpo todo ou parte dele, ou evidências de sua atividade em vida (marcas, pegadas, produtos de metabolismos, etc). Portanto, esse organismo não pode estar vivo! O que ocorre é que alguns animais e plantas de milhões de anos atrás conseguiram sobreviver aos diversos eventos de extinção ocorridos ao longo da história do nosso planeta. Estes sobreviventes se tornaram os ancestrais de várias espécies que são encontradas vivas nos dias de hoje. Alguns deles tiveram muitas poucas modificações em sua estrutura morfológica, ou até mesmo em seu genoma, o que faz com que seus parentes atuais sejam muito semelhantes aos seus ancestrais.
Alguns dos organismos considerados fósseis vivos não pertencem à mesma espécie que o seu correspondente fóssil. O que ocorreu foi que mudanças evolutivas ao longo do tempo acabaram por diferenciar geneticamente esses organismos de seus ancestrais, apesar de eles ainda aparentarem serem iguais morfologicamente. Outros fósseis vivos simplesmente pertencem à mesma espécie desde seus ancestrais, mas como tiveram uma taxa evolutiva muito lenta, geneticamente ainda são muito parecidos.
Mas qual seria o sentido dessa taxa evolutiva baixa? Uma possível explicação seria o sucesso evolutivo desses seres, ou seja, foram favorecidos pelo ambiente ou venceram as adversidades como mudanças ambientais, climáticas, etc. Pode ser também porque seus habitats sofreram pouca ou nenhuma modificação ao longo de milhões de anos atrás, o que exigiu dos organismos pouca adaptação. Outra explicação plausível seria que seus ancestrais teriam escapado de eventos de extinção, sendo capazes de perdurar por milhões de anos até dar origem às linhagens viventes nos dias de hoje.
Segue uma lista com alguns exemplares desses curiosos “fósseis vivos”:
Welwitschia
São plantas gnetófitas existentes somente no deserto de Namibe, na Angola. Sua única representante é a espécie Welwitschia mirabilis. Segundo Darwin, é o “ornitorrinco vegetal”, devido às suas características peculiares e únicas. Surgiram na Era Mesozóica (entre 250 a 150 milhões de anos atrás).

Ginkgo Biloba
Surgiu há mais ou menos 150 milhões de anos atrás, no Jurássico. Além de ter sobrevivido aos grandes eventos de extinções que ocorreram entre o Permiano e o Paleógeno, sobreviveu também aos ataques com as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Não é a toa que representa o símbolo da longevidade!

Caranguejo ferradura
Pertence à família dos quelicerados, como as aranhas, ou seja, não é de fato um caranguejo. Surgiu há cerca de 400 milhões de anos (período Devoniano).

Nautilus
São cefalópodes que surgiram no período Cambriano (aproximadamente entre 540 a 480 milhões de anos atrás).

Celacanto
Seus ancestrais datam de cerca de 400 milhões de anos atrás. É um peixe ósseo e pulmonado (dipnóico), sendo que conseguem sobreviver um período fora da água. Na presença de água, respira por brânquias.

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